Especialistas apontam uma visão positiva no preço e no custo de proteína animal para o resto do ano
Ligado ao mercado internacional e agropecuária, o setor de carnes causa grande movimentação na economia do país. A expectativa é que o setor se mantenha firme apesar da demanda interna nos últimos anos.
O baixo consumo nos dois anos da pandemia afetou os preços e os custos de produção, principalmente carne bovina. A exportação é que vem ajudando os produtores, mesmo que ainda seja um mercado instável.
Guilherme Bellotti Melo, gerente de Consultoria Agro no Itaú BBA, tenta entender os próximos passos do preço do setor pecuário: "O preço (da proteína animal) é muito atrelado ao da soja e milho, que devem seguir firmes ao longo do ano”.
“Além disso, quando olhamos economia doméstica, andando de lado, e o internacional também frágeis, as margens ficam mais pressionadas”,afirma Bellotti.
Embora os custos tenham mudado, é possível que o preço da carne não caia como o produtor imagina.
Cesar de Castro Alves, também da área de consultoria agro no Itaú BBA, comenta que o clima é um grande aliado da pecuária nesse sentido por manter certa estabilidade.
Porém, alguns problemas climáticos podem desbalancear o cenário “Isso significa que o preço não tem muito ambiente para cair. Isso complica um pouco”, alerta Alves.
“A gente nota uma clara dificuldade, com um início de ano de 2023 bem complicado. Isso porque temos uma queda sazonal do consumo de proteínas", explica Alves a respeito dos ajustes de preço.
“ O frango consegue se ajustar a um cenário mais adverso, com a redução facilitada da produção”, completa.
Segundo Alves, a produção do setor não parou nos últimos anos junto com a demanda do mercado internacional. O problema é a China ter se recuperado e reduzido a importação, mas o ritmo permanece o mesmo.
“Vimos uma dificuldade enorme do setor de reduzir preços, o setor completa, em março, dois anos de margem negativa, com dores ainda mais intensas para produtores independentes”, avalia.
O especialista destaca que é possível notar a diferença das produções de empresas que exportam e as que ficam apenas no mercado interno.
“A gente não vê ainda redução de produção. E no final do dia, essa produção volta para o mercado interno, que tem mais dificuldades de absorver. Isso impede que os preços subam para o produtor”, aponta Alves.
Para ele, o que pode fortalecer o Brasil é o mercado de frangos, já que o país ficou fora da explosão de gripe aviária.
“Aparentemente, o Brasil não está na rota de migração de aves, tivemos, por isso, bastante penetração nos mercados externos”, afirma.
A espera é que haja expansão na exportação de frangos e, mesmo com a redução da China, o mercado de carnes possa continuar forte.