Em um país onde 66% dos brasileiros já preferem comer em casa para fugir da inflação, o prato de comida vem se tornando o principal refúgio para o bolso e, de certa forma, para a alma.
É nesse cenário que o comfort food é uma grande tendência entre a geração Z, transformando a nostalgia em um negócio que ajudou a indústria de alimentos a crescer quase 10% no último ano.
O movimento de buscar segurança em sabores familiares está redefinindo não apenas o cardápio, mas o porquê de os brasileiros se alimentarem.
Segundo um relatório da Kantar, o consumo dentro de casa registrou um crescimento de 5,5% já no primeiro trimestre de 2025. Essa permanência no lar, motivada tanto pelo conforto quanto pela economia, mexe diretamente com as vendas. A indústria de alimentos como um todo viu seu faturamento crescer quase 10% em 2024, de acordo com a Agência Brasil.
As categorias que mais se destacam são as que têm a ver com prazer e aproveitar. O mercado de snacks, por exemplo, deve movimentar mais de 92 milhões de dólares este ano, com projeção anual de 6,49% até 2029, aponta o Statista.
Mas quem é o principal público por trás dessa tendência? Uma pesquisa da Abrasel-PE (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Pernambuco) revela que o "novo comfort food" encontra maior acolhimentos entre o público feminiono e a geração Z.
A aparição da comfort food é um fenômeno complexo, alimentado por dois grandes fatores: o bolso e a mente. De um lado, a inflação dos alimentos, apontada como a principal preocupação para 35% dos brasileiros pela NIQ, força mudanças de hábito. Não por acaso, 66% dos consumidores afirmam preferir experiências de consumo dentro de casa para controlar os gastos.
No Brasil, a comfort food tem sabor de casa de avó, afinal, relatórios de tendências da Food Forum e da Galunion destacam a "valorização da brasilidade" como um movimento-chave para 2025. Clássicos como feijoada, moqueca, pão de queijo e bolo de fubá são revisitados, ganhando versões mais práticas ou até mesmo releituras em restaurantes.
A tendência não é apagar a tradição, mas adaptá-la à nova realidade do consumidor, que deseja o sabor da memória afetiva com a conveniência que a vida moderna exige.
A alimentação se torna um ato emocional e social, e especialistas afirmam que o consumidor do futuro vai buscar saúde, praticidade e sabor. As marcas que souberem combinar esses elementos terão a receita do sucesso.