O que acontece com as sobras dos restaurantes?
Mais de 60% dos restaurantes geram sobras de alimentos, mas só 37% fazem doações
Startup resgata 7 mil toneladas de comida, mas Brasil joga fora mais em uma hora
Em um país onde o desperdício de alimentos é um problema crônico, startups de tecnologia têm buscado soluções para reduzir esse impacto. Um exemplo é a Food to Save que, desde sua fundação, já ultrapassou 7 mil toneladas de comida resgatada.
Apesar do avanço, o volume ainda é pequeno diante da realidade nacional, de acordo com relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o Brasil desperdiça aproximadamente 8.790 toneladas de alimentos por hora, todos os dias. Isso significa que, em menos de 60 minutos, o país descarta mais comida do que a startup conseguiu salvar em anos de operação.
Setor de bares e restaurantes é um dos principais responsáveis
Segundo os números da PNUMA, cerca de 77 milhões de toneladas de alimentos vão para o lixo anualmente. O problema é complexo e tem várias origens, mas o setor de alimentação fora do lar aparece como um dos principais responsáveis.
Uma pesquisa realizada em 2022 pela Ticket mostrou que 61,5% dos bares e restaurantes do país geram sobras de comida diariamente. O estudo também revelou que, na época, apenas 37% desses estabelecimentos realizavam doação de alimentos. O receio, na maioria das vezes, estava relacionado à falta de logística e a questões legais, mesmo com a existência da Lei Federal nº 14.016, de 2020, que protege o doador de boa-fé.
Além de iniciativas privadas, como a Food to Save, empresas de tecnologia voltadas para restaurantes, como a Saipos, oferecem sistemas de gestão integrados que permitem maior controle de estoque por meio de fichas técnicas e relatórios de vendas.
Na esfera pública, algumas iniciativas municipais também têm se destacado. Em São Paulo, por exemplo, foi criado o “Selo de alimento sustentável”, certificação voltada a estabelecimentos que comprovam práticas de combate ao desperdício.
Embora os números mostrem que o desafio é grande, especialistas apontam que a combinação de tecnologia, mudança na gestão dos restaurantes e maior conscientização dos consumidores pode contribuir para reduzir gradualmente o volume de comida que vão para o lixo no país.