Bares e restaurantes seguram os preços para manter as vendas

O crescimento na alimentação fora do lar acumula alta de 1,67%

Com a baixa demanda e ainda tentando recuperar os prejuízos, bares e restaurantes estão optando por segurar os preços. A ideia é manter o consumidor e continuar com o ritmo das vendas, coisa que com aumento de preço não é possível.

Segundo  dados do IPCA, divulgados pelo IBGE, o crescimento na alimentação fora do lar acumula alta de 1,67%, também abaixo do índice geral, que foi de 2,09% no primeiro trimestre de 2023.

A pesquisa feita pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, Abrasel, em março já vinha indicando esse resultado. Nela, mostra que 60% dos bares e restaurantes conseguiram aumentar os preços para acompanhar o índice geral 

Enquanto 32% dos estabelecimentos fizeram reajustes apenas para acompanhar a inflação e 8% disseram ter conseguido aumentar acima do índice geral.

O Presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, comenta sobre os números da inflação e a decisão dos restaurantes:

“Ao longo destes três primeiros meses do ano tivemos uma piora sensível na situação das empresas. Hoje há quase um terço do setor trabalhando com prejuízo, e a inflação é uma das causas principais, porque os estabelecimentos não conseguem repassar o aumento dos custos de um modo geral".

"Os alimentos e bebidas tiveram um arrefecimento nos primeiros meses de 2023, mas insumos importantes como gás encanado, energia elétrica e taxa de água estão acima do índice do nosso setor no ano”, acrescenta Solmucci.

bares e restaurante

Lanches permanecem em alta

Em comparação aos últimos 12 meses, a inflação foi de 7,99%, acima da inflação geral de 4,65% e quase em linha com o aumento dos alimentos e bebidas (7,29%). 

Esses números  refletem uma recuperação no segundo semestre de 2022, após o período da pandemia que ainda afetou o começo do ano passado.

Nesses dados, o lanche apresentou um aumento significativo de 12,34%, enquanto a refeição subiu abaixo da média, com 5,97%. 

Em 2023, a tendência permanece, com o lanche subindo 2,72%, contra 1,17% no preço da refeição no primeiro trimestre.

“No ano passado houve alguma recuperação nos preços no segundo semestre e o fim do ano foi bom em termos de faturamento. Mas não o suficiente para que boa parte dos estabelecimentos resolvesse os problemas com dívidas acumuladas e pagamentos em atraso”, analisa Solmucci.

“Claro que a inflação desacelerando é uma boa notícia, mas o fato de não estarmos conseguindo repassá-la neste começo de ano pode indicar uma baixa na demanda no geral, o que aprofundará ainda mais os problemas", continua.

O presidente executivo da Abrasel ainda fala sobre o crescimento do consumo de lanches: 

"O fato dos lanches terem subido quase o dobro do custo da refeição também é um indicativo que o consumidor, com o bolso mais curto, está migrando de refeições completas e mais caras para os lanches, aumentando sua demanda e permitindo preços melhores para este tipo de alimentação”.

Ao que tudo indica, o próximo semestre de 2023 será feito para analisar as tendências dos consumidores para que os estabelecimentos se erguem e consigam acompanhar a inflação.

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