Restaurantes já sentem os efeitos da alta dos remédios para emagrecer

A popularização de medicamentos voltados à perda de peso trouxe novos hábitos à comunidade do food service.

Consumidores se satisfazem mais rápido e com menos comida, o que está obrigando bares e restaurantes a repensarem cardápios, porções e estratégias de negócio para seguir relevantes em um mercado que está sempre mudando.

Porções menores, menos frequência e ticket médio em queda

Seu salão está cheio, mas as vendas diminuíram? Pois, é! Essa tem sido a nova realidade dos donos de restaurantes pelo mundo, e a prática tem nome e sobrenome: semaglutida, o princípio ativo de medicamentos como Ozempic e Wegovy.

O alerta já foi dado por associações como a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), que aponta o Brasil como um dos países que mais buscam por esses medicamentos.

Originalmente eles foram desenvolvidos para o tratamento de diabetes, porém se tornaram um fenômeno global para a perda de peso, agindo diretamente na redução do apetite e no aumento da saciedade.

Um estudo da Universidade de Cornell, em Nova York, mostrou que famílias com pelo menos um usuário desses medicamentos reduziram em até 9% os gastos no supermercado, com uma queda de 11% especificamente na compra de salgadinhos e doces, segundo dados divulgados pela CartaCapital.

Assim, clientes que antes pediam entrada, prato principal e sobremesa, agora se contentam com uma porção menor ou dividem um único prato. A frequência de visitas também pode diminuir, já que o desejo por impulso ou a vontade de "sair para comer" são reduzidos.

Mas a mudança não deve ser vista apenas como uma ameaça ao faturamento e sim, como uma oportunidade de inovação.

A tendência é tão clara que grandes marcas da indústria alimentícia, como Nestlé e Danone, já estão desenvolvendo produtos com porções reduzidas e maior densidade nutricional para atender a esse novo público, conforme aponta o portal Food Connection.

Para bares e restaurantes, ignorar essa transformação não vai ser uma opção. Então, se adaptar é a chave para continuar relevante e lucrativo em um mundo onde o apetite do cliente pode cada vez mais diminuir.