A ZAMP, master franqueadora das marcas Burger King, Popeyes e Starbucks no Brasil, vive um paradoxo que vai definir seu futuro. A companhia atingiu o faturamento recorde de R$1,3 bilhão no segundo trimestre de 2025, fruto da transformação digital onde mais da metade das suas vendas já não acontecem no balcão.
Mas, essa aposta pesada em tecnologia e novas lojas trouxe um prejuízo de R$73 milhões no mesmo período, o que levou o fundo Mubadala, controlador da ZAMP no Brasil, a planejar a saída da empresa da bolsa e reforçar sua estratégia de longo prazo.
A notícia que o Burger King cresceu sua base de lojas para quase mil unidades é apenas uma parte da história. O verdadeiro foco da ZAMP não está mais no balcão, mas na palma da mão do cliente e nos totens de autoatendimento.
Segundo dados oficiais do 2º trimestre de 2025, 53% de toda a receita da companhia vieram de canais digitais. Isso representa um crescimento de 22% em relação ao ano anterior e consolida a ZAMP menos como uma rede de restaurantes e mais como uma foodtech que opera uma vasta rede física.
Com uma base de clientes conectada via aplicativo e programa de fidelidade, a empresa consegue otimizar operações de delivery e drive-thru, que são menos dependentes do espaço físico dos salões.
A estratégia permitiu que a ZAMP não só atingisse a marca de 958 restaurantes Burger King, mas também gerenciasse mais de 2.000 unidades, incluindo novas operações da Starbucks e da Subway.
Mas o prejuízo de R$73 milhões, que aumentou em relação ao ano anterior, é um reflexo direto dos grandes investimentos em tecnologia, abertura de novas lojas e na integração das novas marcas ao ecossistema da empresa.
Em outras palavras, a empresa aumenta o faturamento agora, mas abre mão do lucro imediato para conquistar o objetivo de se tornar uma das maiores foodtechs globais.
E é nesse ponto que a decisão de fechar o capital começa a fazer sentido. Ao oferecer para comprar todas as ações e retirar a ZAMP da bolsa, o fundo Mubadala deixa claro que o foco é o crescimento de longo prazo.
Sem a pressão do mercado por lucros imediatos, a gestão ganha liberdade para continuar investindo pesado em expansão e tecnologia, construindo um fast food digital muito bem estruturado, mesmo que isso mantenha a empresa no vermelho por um tempo.
Para o consumidor, a mensagem é clara: Burger King, Popeyes e Starbucks estarão cada vez mais presentes, tecnológicos e integrados.