O consumo de alimentos industrializados diminuiu entre pessoas com menos de 20 anos
O aumento da preferência por comidas saudáveis no prato não é novidade. Desde a pandemia do Covid-19, alimentos naturais e vegetais entraram em evidência no mercado. Porém, é a primeira vez que o consumo de fast food diminui em comparação, causando impactos na indústria.
Um dos motivos da mudança de hábitos da nova geração é justamente resquícios do isolamento causado pela quarentena e trabalhos em home office. Ou seja, a comida se tornou o ponto de equilíbrio entre a saúde e a vida profissional.
Dados da NutriNet Brasil (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo) apontam que o consumo de frutas, vegetais, hortaliças e feijão aumentou de 40,2% para 44,6% na pandemia. Essa porcentagem mostra um crescimento significativo em relação aos anos anteriores.
Outra pesquisa, feita pela OnePoll, ainda em 2020, já falava sobre brasileiros melhorem os hábitos alimentares. Cerca de 47% revelaram que mudariam a forma de se alimentar. Mas essa escolha permaneceu mesmo após o isolamento.
Em um estudo mais recente da Ticket mostrou que o fast food não é mais a primeira opção dos jovens, principalmente aqueles com menos de 20 anos. De acordo com o levantamento, em 2022 foi a última vez que lanches industrializados foram preferência desse público.
Comida de lanchonete e brasileira estão no topo dessa lista, deixando o fast food em terceiro lugar. Jean Castro, Diretor de Rede de Estabelecimentos da Ticket, comenta sobre o assunto.
“Ainda que os mais jovens optem por refeições mais rápidas, como fast food, o ideal é balancear o consumo desses alimentos com opções mais nutritivas, a fim de manter um equilíbrio” relata o diretor.
Um ponto para analisar é a volta da comida brasileira no gosto do público. A pesquisa mostrou que, ao mesmo tempo que o fast food caiu, o prato brasileiro subiu se tornando o queridinho dos jovens.
Não só os com menos de 20 anos, mas da faixa etária 20-29 (que inclui universitários e trabalhadores) também deixou de pedir lanches para ceder a típica refeição: arroz e feijão.
Já dos consumidores com mais de 30 anos, o restaurante self-service continua no topo há mais de um ano.“Os restaurantes da culinária brasileira costumam ser mais democráticos, tanto pela variedade de alimentos, quanto pelo preço, que tende ser mais acessível”, explica o diretor da Ticket.
A escolha por uma alimentação mais saudável com vegetais, plant-based ou até mesmo vegano, já era algo comentado e estudado pela indústria alimentícia. Oferecer opções de alimentos que trazem benefícios à saúde é a saída.
O relatório anual “Taste and Nutrition Charts” da fabricante de ingredientes e aromas, Kerry, informou que nutrição e saúde são tendências para 2023.
Segundo o estudo, mesmo que os sabores importem, os nutrientes se tornaram um ponto importante do público na hora de escolher a refeição.
Por isso, a indústria de alimentos resolveu investir na rotulagem e em processos com alimentos veganos e produtos plan-based. Dessa forma, empresas vêm se adaptando a novas tecnologias para garantir que os insumos fiquem frescos e seguros.
Um investimento que vem dando retorno para as empresas. A Euromonitor Internacional revelou em sua pesquisa que o mercado de alimentos saudáveis ganhou destaque entre 2015 e 2020, com aumento de 33%.
O processo de acompanhar os novos hábitos alimentares do consumidor é difícil, principalmente com a alimentação saudável em primeiro lugar. A indústria precisa se adaptar à preferência sem deixar de lado os outros produtos.